Explorando Decisões Rápidas e Conhecimento Profundo

Intuição e Maestria

Você já se perguntou como a intuição influencia nossas decisões? E se essa "intuição" for, na verdade, o reflexo de um conhecimento profundo que nem percebemos utilizar? Acompanhe essa reflexão intrigante, com exemplos desde o futebol até incêndios desafiadores e a Fórmula 1. Entenda como decisões aparentemente intuitivas podem ser explicadas pela experiência acumulada, ou, como alguns chamam, maestria.

Explorando Decisões Rápidas e Conhecimento Profundo.

Tive a oportunidade rara de ler sobre um mesmo caso contato por dois autores em livros diferentes, e é claro, o caso ganhou diferentes e surpreendentes narrativas. O tema? A intuição.

Ainda ontem muitas pessoas estavam com a intuição de que o Flamengo iria ganhar a partida da semifinal do campeonato de futebol Libertadores da América, e outros estavam com uma intuição de que o Grêmio venceria. Cada um com seus motivos ou causas para justificar tal intuição, alguns com estatísticas. Veja: “O Flamengo nunca perdeu do Grêmio em uma semifinal de copa Libertadores da América” ou “Jogando em casa, o Grêmio nunca perdeu em fase semifinal de Libertadores para times cariocas”. Outros colocavam suas intuições para algo mais palpável do que apenas números: “Meu time nunca perde quando uso a minha camisa da sorte em jogos em casa”. Pois ontem deu empate… Esquece! Esta partida não valeu para a camisa da sorte: “Eu não lavei ela antes do jogo…foi isso!”

Ainda no tema do esporte, também há a intuição do piloto de Fórmula 1 que dá uma volta na pista com o carro recém regulado e volta dizendo à equipe que não sabe exatamente o que, mas sua intuição diz que “Algo não está bom com a suspensão” e então a equipe entra em cena para descobrir a causa do que “não está bom”.

O que diferencia uma intuição da outra é o conhecimento no assunto. O ganho de conhecimento que tive para alimentar minhas intuições sobre o jogo de ontem será mais um mero ponto em minhas correlações entre vitórias possíveis e variáveis que levam à vitória, e lá no fundo sei que minha camisa da sorte não tem nada a ver com meu time ganhar ou perder, mas eu quero acreditar nisso. Por quê?

Porque é muito mais fácil para uma pessoa entender que seu time ganhou porque ele estava usando a camisa da sorte do que tentar entender toda a técnica e complexidade envolvida em um jogo como o futebol em alto nível. O oposto da intuição frívola que tenho em relação ao meu time e a camisa da sorte, ocorre com a equipe de F1. A equipe traduz a intuição em CAUSA, ou seja, entende o que o piloto referenciou como: “Não está bom”, traduz em uma ação, e, manda o piloto para teste na pista para verificação da ação tomada. Fecha-se assim, um ciclo de aprendizado, mesmo se o piloto continuar a achar que ainda não está bom, o aprendizado da equipe estará em: “Não era isso que achávamos que era”. Este é o método científico colocado em prática no mundo dos esportes.

E o caso da intuição colocado em dois livros diferentes? Um deles é Mente Intuitiva – O Poder do sexto sentido de Sadler e Wolfenbuttel. Os autores relatam o caso de uma equipe de bombeiros em um incêndio em uma casa com porão e mais dois pisos. A equipe lutava contra o fogo, que sobrenaturalmente parecia avançar quanto mais água era jogada; estava muito estranho. Foi então que o tenente teve uma “impressão ruim” sobre a situação, e mandou sua equipe sair imediatamente do prédio; em questão de segundos após a equipe sair, o prédio desabou. Os autores atribuem esta ação imediata do tenente a sua percepção extra-sensorial intuitiva, ou, o sexto sentido que, segundo o próprio tenente informou, todo bombeiro precisa ter.

O mesmo caso é também relatado por Gary Klein, que entrevistou o tenente em questão no livro Fontes do poder – O modo como as pessoas tomam decisões. Segundo Klein, o tenente mencionou em seu relato: “O incêndio estava surpreendentemente silencioso”, suas orelhas ficaram extraordinariamente quentes, apesar de não estar vendo muitas chamas. Esse conjunto de variáveis analisadas fez o tenente concluir que não era um incêndio comum, e imediatamente retirou a equipe do local. O incêndio estava localizado no porão, por isso as chamas não eram tão visíveis no piso térreo, onde a equipe estava tentando combater o incêndio.

Em um relato, as decisões parecem precisar de um sexto sentido para serem tomadas, e em outro relato, do mesmo caso, as variáveis são analisadas em poucos segundos, comparadas com uma situação comum ou padrão e aí a decisão é tomada. Ainda bem que a segunda forma é a mais utilizada. Ela é frequentemente chamada por alguns, em vez de intuição, MAESTRIA. Em Maestria de Robert Greene, a maestria é definida como o ponto onde o profissional age como se estivesse trabalhando inconscientemente, porque internalizou o processo inerente ao seu trabalho de forma tão forte, que já o faz sem estar consciente do que está fazendo, apenas o faz. Por exemplo: Se você dirige a mais de dez anos, não fica mais pensando sobre todos movimentos que faz quando dirige, apenas se senta no banco do motorista e dirige. É isso o que acontece com um profissional no estágio da maestria, porém por não estar mais totalmente consciente do processo, o profissional atribui à intuição seu processo fortemente internalizado, quando na verdade ele domina inconscientemente o processo de tal maneira que perdeu a noção de qual exatamente é a variável que faz ele fazer magistralmente o que faz.

Por favor, contribua com meu questionamento fazendo sua crítica nos comentários abaixo. Muito obrigado pela sua leitura.

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